Do virar a página...
Ouvimos esta expressão geralmente como um conselho amigo,
diante da dor que nos paralisa e que deveria ficar lá no lugar devido, no
passado.
Dar mais um passo, ter uma nova perspectiva, inspirar uma
nova frase ou fase e ensaiar enredos, formar páginas e compor livros. Porque
não?
Difícil é virar a tal página que parece tão pesada e ao
mesmo tempo atrativa. Penso ser mais cômodo nos voltarmos para a lamúria,
reviver, chorar o que se perdeu e não sair de lá. É mais fácil se apegar com
aquela dor e tornar-se vítima do que aconteceu. Sair dali pra quê? Se lá é onde
está o nosso coração (em pedaços)?
Reviver o passado, ruminar o saudosismo e olhar fixo para
trás, talvez seja menos dispendioso do que o novo. O desafio de levantar,
sacudir a poeira das lembranças e ter um olhar diferente para o futuro, depois
de dias no quarto escuro e vislumbrar a janela que se abre com um céu azul e ar
fresco - pode ofuscar a vista.
Ao mesmo tempo, se omitir das novas possibilidades,
limitar-se a olhar somente para o chão e esquecer o futuro, pode ser uma fraude
contra a vida, Deus e a própria natureza que se faz nova a cada manhã.
O que passou - seja o fracasso de um projeto, a despedida de
um ente querido, o fim de um amor ou a rejeição de outro - simplesmente
passou... As vivências, alegrias ou dissabores, perdas ou ganhos, farão parte
da nossa história e da memória, mas estão inseridas nas páginas viradas e realmente
não devem ditar o futuro.
Porque não se permitir viver outros sonhos, relembrar com
carinho os bons momentos dos que se foram e até se conhecer outros amores? O
ciclo da vida é dinâmico. Desafia-nos a olhar para frente de uma maneira
positiva e sorrir para o amanhã dando um voto de confiança.
Meu desejo é que possamos colocar em prática o conselho amigo
e não deixar a roda parar, até porque pode ser o segredo do tempero que,
provavelmente, deixará o enredo da nova página irresistível.
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